Então a velha teve uma raiva malvada. Carregou o herói na cintura e partiu. Atravessou o mato e chegou no capoeirão chamado Cafundó do Judas.
Andou légua e meia nele, nem se enxergava mato mais, era um coberto plano apenas movimentado com o pulinho dos cajueiros. Nem guaxe animava a solidão. A velha botou o curumim no campo onde ele podia crescer mais não e falou:
— Agora vossa mãe vai embora. Tu ficas perdido no coberto e podes crescer mais não.
E desapareceu. Macunaíma assuntou o deserto e sentiu que ia chorar.
Mas não tinha ninguém por ali, não chorou não. Criou coragem e botou pé na estrada, tremelicando com as perninhas de arco. Vagamundou de déu em déu semana, até que topou com o Currupira moqueando carne, acompanhado do cachorro dele Papamel. E o Currupira vive no grelo do tucunzeiro e pede fumo pra gente. Macunaíma falou:
— Meu avô, dá caça pra mim comer?
— Sim, Currupira fez.
Cortou carne da perna moqueou e deu pro menino, perguntando:
— O que você está fazendo na capoeira, rapaiz!
— Passeando
ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2019.
Macunaíma, romance produzido na década de 1920, destacou-se no período de sua construção e ainda deixa marcas na contemporaneidade por