Um cheiro nauseante subiu da vala clandestina. Após uma manhã de escavação debaixo de sol forte, em dezembro de 2020, restos mortais de três pessoas despontaram na terra. Um crânio masculino perfurado de bala, uma bermuda azul e, em um dos bolsos, uma carteira repleta de documentos. Um crânio de mulher com ferimento de golpe de facão e um chumaço de cabelos longos e escuros. Outro crânio de homem com aparelho fixo nos dentes.
Ao redor dos corpos, muito entulho. As covas rasas, com um metro de profundidade, foram descobertas em um aterro de descartes da construção civil, no bairro de Pedreira, periferia da zona sul de São Paulo. No local já foram encontrados 27 cadáveres, entre 2020 e 2021. É uma das maiores valas clandestinas conhecidas da história do país. Pode haver mais corpos no terreno, que tem 16 vezes a área de um campo de futebol — cerca de 10% dela já foi revolvida.
O caso chama a atenção para um grave, porém relegado, problema de segurança pública no Brasil: o desaparecimento de pessoas por ação de criminosos e o subsequente homicídio e ocultação dos corpos em valas clandestinas.
Disponível em: https://tab.uol.com.br/edicao/mortes-invisiveis/#page2. Acesso em: 08 abr. 2022.
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