O pequeno, enquanto se achou novato em casa do padrinho, portou-se com toda a sisudez e gravidade; apenas, porém, foi tomando mais familiaridade, começou a pôr as manguinhas de fora. Apesar disto, porém, captou do padrinho maior afeição, que se foi aumentando de dia em dia, e que em breve chegou ao extremo da amizade cega e apaixonada. Até nas próprias travessuras do menino, achava o bom do homem muita graça; não havia para ele em todo o bairro rapazinho mais bonito, e não se fartava de contar à vizinhança tudo o que ele dizia e fazia; às vezes eram verdadeiras ações de menino malcriado, que ele achava cheias de espírito e de viveza; outras vezes eram ditos que denotavam já muita velhacaria para aquela idade, e que ele julgava os mais ingênuos do mundo.
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 18 jan. 2022. (adaptado)
Ao descrever o relacionamento entre o menino e o seu padrinho, o narrador, no trecho, apresenta uma percepção da relação familiar desenvolvida, que está centrada no(a)