Inicialmente restrito aos bailes de favela, o funk se tornou onipresente nas casas noturnas e bares paulistanos. Ameaçado de censura por políticos conservadores e instituições religiosas, o gênero só aumenta seu alcance em todos os setores sociais. Hoje em dia, em qualquer balada da rua Augusta, no centro, é quase certo que durante a noite um set será dedicado ao estilo, e quando não toca, o público reclama. Já ouvi até história de DJ que desistiu de tocar as músicas que havia planejado — um set eletrônico — após a pressão dos participantes na festa.
Empresários encontraram um público em busca de bailes funk, porém sem coragem de ir aos pancadões das periferias, e nisso um mercado em potencial a ser explorado. É ótimo que as elites também se interessem por um movimento cultural nascido nas favelas — desde que não se exclua o acesso de pessoas às festas do gênero por conta de sua origem ou aparência.
As pessoas ricas querem cantar ‘Som de Preto’ apenas se o favelado estiver longe. De pulmões cheios, a elite canta sobre a opressão sofrida nas comunidades brasileiras, esquecidas pelo poder público, sem nunca ter ao menos andado a pé na periferia. A cultura das periferias é explorada — assim como já aconteceu com o samba, o pagode — excluindo a periferia da narrativa. Enquanto na Vila Madalena o jovem de elite curte o show do MC Livinho, se achando o malandrão por ouvir funk, nas periferias os moradores ainda respiram bombas de gás e sofrem muita opressão nos pancadões.
Disponível em: https://www.agenciamural.org.br/baile-funk-e-elitizado-na-vila-madalena/. Acesso em: 08 abr. 2022.
A partir da visão apresentada no texto, é possível perceber que a mudança do público consumidor do funk reflete a