Questão 06

Avaliação:

Instrução: As questões de números 06 a 10 tomam por base duas passagens do livro A linguagem harmônica da Bossa Nova, do docente e pesquisador da Unesp José Estevam Gava.


Momento Bossa Nova

Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa
para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua gê-
nese foram empregados recursos correntes na música erudita
europeia e na música popular norte-americana. Já era algo
mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores
com maior preparo musical e sempre de ouvido aberto para
as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por
exemplo, mais tarde permitiria fusões interessantes como o
“samba-jazz” e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos
e com base nos instrumentos de sopro. Mas, em termos de
poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu
caráter escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam
a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do
bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana,
lugar de vida noturna intensa, boates enfumaçadas,
mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e trai-
ção, enquanto a Bossa Nova ambientou-se mais para o Sul, em
Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais
jovem, amante do sol e da praia. Nesse ambiente solar, a mulher
passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um
descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com
uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não tinham
nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa
prancha ou num barquinho, seus compositores prestaram todas
as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e
esse verão eram os de Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).
A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista
de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita complicação
poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou
ao máximo a positividade expressiva e um otimismo sem precedentes.
Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova
e o samba-canção. O otimismo diante do amor trouxe consigo
imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos
amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores
patológicas e dramáticas que tanto marcavam os sambas-canções.
Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como
um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo caráter
terminal.
Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o
derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já buscava um
retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical
mais sereno, mais em tom de conversa do que de súplica.
Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os
mais velhos e tradicionalistas viam-nas com estranheza, sendo
compreensível que as descrevessem como canções bobas
e ingênuas, não obstante a sofisticação harmônica e rítmica.

(José Estevam Gava. A linguagem harmônica da Bossa Nova.
São Paulo: Editora Unesp, 2002.)

A partir do texto apresentado, aponte a alternativa que não caracteriza a Bossa Nova.



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