Para responder às questões de números 11 a 15, leia o fragmento&nbsp;de um texto publicado em 1867 no semanário Cabrião.&nbsp;
São Paulo, 10 de março de 1867. &nbsp;
Estamos em plena quaresma. A população paulista azafama-se a preparar-se para a&nbsp;lavagem geral das consciências nas águas lustrais do confessionário&nbsp;e do jejum.&nbsp; A cambuquira* e o bacalhau afidalgam-se no mercado.&nbsp; A carne, mísera condenada pelos santos concílios, fica&nbsp;reduzida aos pouquíssimos dentes acatólicos da população,&nbsp;e desce quase a zero na pauta dos preços.&nbsp; O que não sobe nem desce na escala dos fatos normais&nbsp;é a vilania, a usura, o egoísmo, a estatística dos crimes e o &nbsp;montão de fatos vergonhosos, perversos, ruins e feios que precedem todas as contrições oficiais do confessionário, e que&nbsp;depois delas continuam com imperturbável regularidade.&nbsp; É o caso de desejar-se mais obras e menos palavras. &nbsp; E se não, de que é que serve o jejum, as macerações,&nbsp;o arrependimento, a contrição e quejandas religiosidades?&nbsp; O que é a religião sem o aperfeiçoamento moral da &nbsp;consciência? &nbsp; O que vale a perturbação das funções gastronômicas do&nbsp;estômago sem consciência livre, ilustrada, honesta e virtuosa?&nbsp; Seja como for, o fato é que a quaresma toma as rédeas do&nbsp;governo social, e tudo entristece, e tudo esfria com o exercício de seus místicos preceitos de silêncio e meditação. &nbsp; De que é que vale a meditação por ofício, a meditação&nbsp;hipócrita e obrigada, que consiste unicamente na aparência? &nbsp; Pois o que é que constitui a virtude? É a forma ou é o&nbsp;fundo? É a intenção do ato, ou sua feição ostensiva? &nbsp; Neste sentido, aconselhamos aos bons leitores que comutem&nbsp;sem o menor escrúpulo os jejuns, as confissões e rezas&nbsp;em boas e santas ações, em esmolas aos pobres.
 (Ângelo Agostini, Américo de Campos e&nbsp;Antônio Manoel dos Reis. Cabrião, 10.03.1867. Adaptado.)
 * Iguaria constituída de brotos de abóbora guisados, geralmente servida&nbsp;como acompanhamento de assados.
A cambuquira e o bacalhau afidalgam-se no mercado.&nbsp;
Ao empregar o verbo “afidalgar-se” (tornar-se fidalgo, enobrecer;&nbsp;assumir ares de fidalgo, tornar-se distinto), os autores&nbsp;do texto sugerem, com bom humor, que a cambuquira e o&nbsp;bacalhau

Questão 12 de Todas as questões da prova UNESP/2014

Questão 12

Para responder às questões de números 11 a 15, leia o fragmento de um texto publicado em 1867 no semanário Cabrião. 
São Paulo, 10 de março de 1867.  
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