- Soneto
- Já da morte o palor me cobre o rosto,
- Nos lábios meus o alento desfalece,
- Surda agonia o coração fenece,
- E devora meu ser mortal desgosto!
- Do leito embalde no macio encosto
- Tento o sono reter!... já esmorece
- O corpo exausto que o repouso esquece...
- Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
- O adeus, o teu adeus, minha saudade,
- Fazem que insano do viver me prive
- E tenha os olhos meus na escuridade.
- Dá-me a esperança com que o ser mantive!
- Volve ao amante os olhos por piedade,
- Olhos por quem viveu quem já não vive!
AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é