Questão 07

Questão x7 de Linguagens da prova UFRGS/2014

Avaliação:

  1. O que havia de tão revolucionário na

  2. Revolução Francesa? Soberania popular,

  3. liberdade civil, igualdade perante a lei - as

  4. palavras hoje são ditas com tanta facilidade

  5. que somos incapazes de imaginar seu caráter

  6. explosivo em 1789. Para os franceses do

  7. Antigo Regime, os homens eram desiguais, e a

  8. desigualdade era uma boa coisa, adequada à

  9. ordem hierárquica que fora posta na natureza

  10. pela própria obra de Deus. A liberdade

  11. significava privilégio - isto é, literalmente, "lei

  12. privada", uma prerrogativa especial para fazer

  13. algo negado a outras pessoas. O rei, como

  14. fonte de toda a lei, distribuía privilégios, pois

  15. havia sido ungido como o agente de Deus na

  16. terra.

  17. Durante todo o século XVIII, os filósofos

  18. do Iluminismo questionaram esses

  19. pressupostos, e os panfletistas profissionais

  20. conseguiram empanar a aura sagrada da coroa.

  21. Contudo, a desmontagem do quadro mental

  22. do Antigo Regime demandou violência

  23. iconoclasta, destruidora do mundo,

  24. evolucionária.

  25. Seria ótimo se pudéssemos associar a

  26. Revolução exclusivamente à Declaração dos

  27. Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela

  28. nasceu na violência e imprimiu seus princípios

  29. em um mundo violento. Os conquistadores da

  30. Bastilha não se limitaram a destruir um

  31. símbolo do despotismo real. Entre eles, 150

  32. foram mortos ou feridos no assalto à prisão e,

  33. quando os sobreviventes apanharam o

  34. diretor, cortaram sua cabeça e desfilaram-na

  35. por Paris na ponta de uma lança.

  36. Como podemos captar esses momentos de

  37. loucura, quando tudo parecia possível e o

  38. mundo se afigurava como uma tábula rasa,

  39. apagada por uma onda de comoção popular e

  40. pronta para ser redesenhada? Parece incrível

  41. que um povo inteiro fosse capaz de se

  42. levantar e transformar as condições da vida

  43. cotidiana. Duzentos anos de experiências com

  44. admiráveis mundos novos tornaram-nos

  45. céticos quanto ao planejamento social.

  46. Retrospectivamente, a Revolução pode

  47. parecer um prelúdio ao totalitarismo.

  48. Pode ser. Mas um excesso de visão

  49. histórica retrospectiva pode distorcer o

  50. panorama de 1789. Os revolucionários

  51. franceses não eram nossos contemporâneos.

  52. E eram um conjunto de pessoas não

  53. excepcionais em circunstâncias excepcionais.

  54. Quando as coisas se desintegraram, eles

  55. reagiram a uma necessidade imperiosa de

  56. dar-lhes sentido, ordenando a sociedade

  57. segundo novos princípios. Esses princípios

  58. ainda permanecem como uma denúncia da

  59. tirania e da injustiça. Afinal, em que estava

  60. empenhada a Revolução Francesa? Liberdade,

  61. gualdade, fraternidade.

Adaptado de: DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. In: O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. p. 30-39.

Considere as seguintes afirmações relacionadas a sentidos do terceiro parágrafo do texto.

  1. - O emprego da conjunção se e dos tempos e modos verbais na linha 25 sinalizam que a Revolução Francesa não pode ser exclusivamente associada à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
  2. - O emprego de não se limitaram (l. 30) expressa que os conquistadores destruíram um símbolo e fizeram algo além disso.
  3. - O emprego do nome próprio Paris (l. 35) localiza a sociedade sobre a qual incidem os novos princípios revolucionários.

Quais estão corretas?



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