Instrução: As questões de números 11 a 15 tomam por base um poema de Luís Delfino (1834-1910) e a reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale.
Jesus Pantocrátor 1
Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja De Monreale, feita em mosaico, a divina Figura de Jesus Pantocrátor: domina Aquela face austera, aquele olhar troveja
Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina. À árida pupila a doce, a benfazeja Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina2 .
Este criou o inferno, e o espetáculo hediondo Que há nos frescos3 de Santo Stefano Rotondo4 ; Este do mundo antigo espedaçado assoma...
Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o: Tem o anátema5 à boca, às duas mãos o raio, E em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma.
(Luís Delfino. Rosas negras, 1938.)
(1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo. (2) Bizantina: referente ao Império Romano do Oriente (330- 1453 d.C.) e às manifestações culturais desse império. (3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que resulta da aplicação de cores diluídas em água sobre um revestimento ainda fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta. (4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta de 460 d.C., em Roma, em homenagem a Santo Estêvão (Stefano, em italiano), mártir do cristianismo. (5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de maldição que expulsa da Igreja, excomunhão.
O pronome demonstrativo este, empregado no início dos versos
de números 9, 11 e 12, faz referência