TEXTO I
Os padrões de beleza impostos e reforçados a todo momento pela sociedade e pela mídia criaram um modelo de corpo “perfeito”. [...] A psicóloga Ellen Moraes Senra conta que a gordofobia é causadora de diversos transtornos, principalmente os alimentares: “A vítima da gordofobia pode desenvolver transtornos alimentares sérios, tais como a compulsão alimentar, a bulimia, anorexia ou mesmo a recém conhecida vigorexia, que consiste na obsessão pelo padrão de vida fitness.” A gordofobia está em todas as esferas da sociedade, desde a pessoa que chama alguém de “gorda” em tom de xingamento até as marcas de roupa que só fazem calças até o tamanho 42. Passando também pelos assentos apertados nos ônibus e as cadeiras com braços nos restaurantes. Todos os dias, milhares de pessoas gordas passam por esses e outros inúmeros constrangimentos simplesmente por não poderem agir confortavelmente e naturalmente em situações corriqueiras. [...]
Disponível em: https://www.dicasdemulher.com.br/gordofobia/
TEXTO II
Uma pesquisa encomendada pela Skol Diálogos e realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Inteligência apontou que a gordofobia (preconceito contra pessoas obesas) está presente na rotina de 92% dos brasileiros. Entre os cidadãos que, no estudo, não se reconheceram como preconceituosos, 89% admitem que já falaram ou ouviram alguém dizer a frase “ele (a) é bonito (a), mas é gordinho (a)”. Por outro lado, apenas 10% daqueles que se declaram preconceituosos assumem que são gordofóbicos. Outros 8% também reconhecem que têm preconceito estético com outros aspectos da aparência física das pessoas. O interesse pelo tema da gordofobia tem aumentado. De acordo com o Google, as buscas pelo termo cresceram 57% entre janeiro e setembro de 2017. A palavra “gordice” também é muito proliferada como algo negativo – 62% dos entrevistados pelo Ibope Inteligência revelam que já ouviram a frase “gordo só faz gordice”. A pesquisa foi feita de 21 a 26 de setembro, através de entrevistas pessoais e domiciliares. Foram ouvidas 2.002 pessoas.
Diariamente, pessoas gordas e obesas saem de casa logo cedo e sabem que vão encontrar pela frente desafios de todos os tipos: transporte público, escritórios, restaurantes e outros ambientes que não estão preparados para acomodá-las. Ainda pior: sabem também que vão ser alvo de piadas, julgamentos e ouvir de muita gente que precisam emagrecer. Esse preconceito tem nome. “Gordofobia é um neologismo para o comportamento de pessoas que julgam alguém inferior, desprezível ou repugnante por ser gordo. Funciona como qualquer outro preconceito baseado em uma característica única”, explica o Dr. Adriano Segal, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Apesar de o nome ser novo, é algo que sempre existiu, a gula é até um pecado capital. Há estudos com universitários em que afirmam preferir se casar com traficantes ou bandidos do que com obesos”, diz o médico.
Em um mundo pouco adaptado a corpos gordos e em uma sociedade que institucionaliza o preconceito contra os donos desses corpos, navegar pelo cotidiano traz desafios de diversas naturezas, dos mais simples aos mais complexos. Comprar roupa, por exemplo, pode ser uma experiência desgastante – emocionalmente, inclusive. A jornalista santista Flávia Durante conta que começou a engordar depois da faculdade e, ao longo de dez anos, ganhou 30 quilos. Mesmo bem resolvida com seu corpo, ela tinha dificuldade em encontrar roupas do seu agrado na pouca oferta do mercado. “Não deixei de fazer as coisas por ter engordado. Ia à praia, usava biquíni normalmente. O problema era encontrar peças que me servissem”, conta. Foi ali que viu que a exclusão sofrida pelos gordos não se limita a uma rejeição social, o próprio mercado propaga isso quando as marcas não querem ver seus produtos em corpos gordos, ainda que eles sejam uma parcela grande dos consumidores.
Fonte: https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/imprensa/noticias/precisamos-falar-de-gordofobia
PROPOSTA DE REDAÇÃO