TEXTO I
Senhor Cidadão*
Senhor cidadão
Senhor cidadão
Me diga por quê
Me diga por quê
Você anda tão triste?
Tão triste
Não pode ter nenhum amigo
Senhor cidadão
Na briga eterna do teu mundo
Senhor cidadão
Tem que ferir ou ser ferido
Senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
Que vida amarga
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição?
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantas mortes no peito
Com quantas mortes no peito
Se faz a seriedade?
Senhor cidadão
Senhor cidadão
Eu e você
Eu e você
Temos coisas até parecidas
Parecidas
Por exemplo, nossos dentes
Senhor cidadão
Da mesma cor, do mesmo barro
Senhor cidadão
Enquanto os meus guardam sorrisos
Senhor cidadão
Os teus não sabem senão morder
Que vida amarga
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição?
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Se a tesoura do cabelo
Se a tesoura do cabelo
Também corta a crueldade
Senhor cidadão
Senhor cidadão
Me diga por quê
Me diga por quê
Me diga por quê
Me diga por quê
*Senhor cidadão, Tom Zé
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=zLTMM3r8wYI
TEXTO II
A cultura do terror/2*
A extorsão o insulto, a ameaça o cascudo,
a bofetada,
a surra,
o açoite,
o quarto escuro,
a ducha gelada,
o jejum obrigatório,
a comida obrigatória,
a proibição de sair,
a proibição de se dizer o que se pensa,
a proibição de fazer o que se sente,
e a humilhação pública
são alguns dos métodos de penitência e tortura tradicionais na vida da
família. Para castigo à desobediência e exemplo de liberdade, a tradição familiar
perpetua uma cultura do terror que humilha a mulher, ensina os filhos a mentir e contagia tudo com a peste do medo.
— Os direitos humanos deveriam começar em casa — comenta comigo, no Chile, Andrés Domínguez.
*O Livro dos Abraços, Eduardo Galeano
Fonte: http://delubio.com.br/biblioteca/wp-content/uploads/2014/03/O-Livro-dos-Abrac_os-Eduardo-Galeano.pdf
TEXTO III
No decorrer da colonização, a sociedade brasileira tornou-se rural e patriarcal, e o cultivo agrícola era baseado na monocultura de exportação. As fazendas/engenhos eram verdadeiros feudos e dela se tirava tudo que se precisava (os escravos produziam tudo, desde o alimento até os móveis da casa-grande). Como quase nada do que se produzia fora das fazendas era necessário para a vida dos seus habitantes, as relações familiares eram mais importantes e respeitadas que as entre os cidadãos, e entre estes e o Estado que era tido, junto com suas leis, como marginais. Todo este processo mantém-se por séculos, resistindo até mesmo à decadência dos engenhos de açúcar que iam sendo substituídos, em importância, pelas fazendas de café. Se finda a escravidão, uma nova realidade social surge a partir daí. O inchamento dos centros urbanos é inevitável, as cidades passam a servir de moradia para os que haviam sido recentemente abolidos e para os próprios "barões do café” já que a abolição da escravidão tornou impossível a existência de uma propriedade rural autossuficiente. Mesmo com todas estas transformações, a classe rural continua com seus privilégios e sua força política.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%ADzes_do_Brasil
Acesso em: 26 fev. 2021 (fragmento)
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A importância de se questionar as tradições culturais brasileiras", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Comentário: Em tempos de repensar os modelos tradicionais que vemos nas diferentes esferas sociais, a palavra tradição recebe, em muitos contextos, uma conotação negativa. É importante que saibamos reconhecer a importância de desconstruir algumas das tradições culturais que permeiam nossa história, pois apenas assim poderemos melhorar nossa sociedade.
Instruções:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.