TEXTO I
“A novidade na literatura periférica ou marginal não está necessariamente na temática, que, de fato, vem tendo uma presença cada vez mais forte no imaginário, nos discursos, e nas representações da produção cultural brasileira nas últimas décadas. Mas estas representações quase sempre foram externas, o olhar da cultura dominante e da classe média sobre o “outro” subalterno. A diferença, agora, é que essas representações são feitas pelos próprios sujeitos, com a implícita ou, às vezes, explicita pressuposição de que só por intermédio dessas vozes é possível transformar esses produtos culturais em fiéis veículos de compreensão da alteridade”
Fonte: Alejandro Reyes em Vozes dos porões: a literatura marginal/periférica no Brasil
TEXTO II
“Não somos o retrato [...] pelo contrário, mudamos o foco e tiramos nós mesmos a nossa foto”
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Escreva uma redação dissertativo-argumentativa, com 20 a 30 linhas, em que discuta a seguinte questão: A necessidade da representação de si pelos grupos subalternos [negros, LGBTTsQ, mulheres, indígenas, pobres etc] na consolidação de suas identidades. Seu texto deve atender à norma-padrão da língua portuguesa, conter um título, além de ser inteiramente escrito com caneta, sem apresentar qualquer identificação.
Vamos aos exemplos: A literatura marginal reivindica o direito de representar a si mesmos na literatura, pois sendo eles oriundos de um local social específico (a periferia) não acreditam que as pessoas ricas ou de classe média consigam representar quem eles são adequadamente. Existe assim a necessidade de representação de si por grupos subalternos para a construção de uma identidade não estereotipada. Para qualificar seu texto aponte exemplos literários, filmes, novelas, desenhos, pinturas que você acredita que contribuem para essa discussão.
Comentário: Esse tema pode parecer complexo a uma primeira vista, mas você deve ter em mente que ao vivermos em sociedade somos organizados por meio de estruturas de poder. Isto quer dizer que, embora perante a lei sejamos todos iguais, em sociedade somos rotulados por meio de diversos marcadores sociais, como por exemplo, nossa posição sócio-econômica, nossa etnia, nosso gênero, nossa orientação social, nossa origem etc. Quando falamos em estruturas de poder pensando nesses grupos é perceptível que um sempre será subalterno ao outro (socialmente). Por exemplo, entre brancos e negros, identificamos facilmente que o negro é subalternizado, não é? Daí a existência de um sistema que subalterniza: o racismo. Ok? Outro aspecto dessa questão que é importante destacar é que esses sistemas de subalternização partem de discursos de jornais, novelas, revistas, artes plásticas e literatura, por exemplo.