O compositor João Cavalcanti concorda que há uma lógica de disputa, pontuada pelo moralismo. E compara:
— Se o ataque fosse à simplicidade das canções, atacariam Caymmi por dizer “se fizer bom tempo amanhã eu vou/ mas se por exemplo chover não vou”. É um ciclo tão previsível que o próprio criticado de ontem vira o crítico da vez — diz ele, lembrando que tanto Lulu quanto Vercillo já apanharam por fazerem sucesso.
Não que seja o caso de aderir de forma irrestrita a tudo o que vira viral, pondera Cavalcanti:
— Também me incomodo com determinadas repetições, fórmulas. E tenho certo bode do discurso que diz que algo é maravilhoso só porque é popular. Mas não posso usar meu gosto para dizer o que serve ou não ao povo.
No centro de tudo, ele aposta, está a dificuldade de compreensão do outro:
— Tem menos a ver com a qualidade em si do que com uma dificuldade de entendimento dos mundos diferentes que convivem num mesmo país.
(Os artistas populares) não precisam de aval de ninguém, a não ser desse público. Quanto tempo vão durar? Vai saber...'
A radialista Patricia Palumbo, do “Vozes do Brasil”, se afina na mesma percepção:
— Se é cultura de massa que o artista almeja, ele tem que ir atrás das massas, traduzir o que pensa e como vive esse público que não lê os clássicos, não vai a concertos, não foi ao cinema e muitas vezes nem à escola. É um desafio.
A Tropicália, que deu régua e compasso para que muito da música de origem popular fosse legitimada, era uma tentativa de diálogo com essa produção — fosse o pop internacional, fosse a música radiofônica ou das ruas do Brasil profundo. E sentiu os efeitos disso, recorda Tom Zé:
— Minha tia dizia que a gente não fazia música, fazia ritmo. Fico imaginando o que ela diria de MC Loma (do hit do "Envolvimento"), que ouvi outro dia e achei bem simpática - ri o tropicalista.
Os donos dos hits seguem alheios ao debate, nota Zélia Duncan:
— Os sertanejos vivem num universo que nem alcançamos. Possuem aviões e plateias que enchem estádios, vários dias por semana. Não precisam do aval de ninguém, a não ser desse público. Quanto tempo vão durar? Vai saber...
Adriana Calcanhotto, que apanhou ao gravar Claudinho & Buchecha, não arrisca previsão, mas amarra a discussão citando um samba, com ar clássico, de outro tropicalista:
Parece que "desde que o samba é samba é assim".
Evidentemente, é fácil encontrar quem concorde com a perspectiva assumida pelo jornalista e também quem dela discorde. E isso não deve causar nenhum espanto, pois, quando se aborda um tema que está presente no cotidiano de todos- como é o caso da música brasileira -, é comum encontrar múltiplas opiniões.
Em resumo, você deverá escreve um texto dissertativo que
apresente o seu ponto de vista acerca das ideias, veiculadas pelo texto do jornalista, a respeito da música brasileira.
Para tanto, você deve:
O importante é que você explicite claramente o que pensa sobre as ideias presentes no texto de Lionardo Lichete.
Bom trabalho!
Instruções:
A versão final do seu texto deve: