TEXTO I
Aposto que, ao procurar uma festa, você já se deparou com alguns dos anúncios descritos acima e pelo menos uma vez na vida pensou, ou ainda pensa “Nossa, entrada VIP pra mulher, que ótimo, me dei bem!”. Se você pensou, ou ainda pensa assim, sinto dizer, mas não: o preço diferenciado não é benefício, é machismo. Quando uma festa pratica preços diferenciados e oferece Entrada VIP para as meninas, ela não está sendo “legal” com as mulheres, e sim usando uma tática perversa para atrair público – e nessa tática as mulheres são iscas. A ideia é a seguinte: mulheres ganham entrada VIP ou pagam menos, logo a probabilidade de ter muitas mulheres é alta. Homens vão para baladas em busca de mulheres, logo, se em uma balada haverá muitas mulheres, isso acaba se tornando um atrativo para eles.
O que quero dizer com tudo isso é que, quando uma mulher paga menos, ou ganha entrada VIP para entrar em uma balada, ela está, na verdade, sendo objetificada. E, mesmo que um (a) organizador (a) de uma casa noturna, na sua “inocência”, não tenha essa intenção e possua um milhão de argumentos para justificar a diferença de preço, o cenário não muda, uma vez que isso continua sendo uma prática machista e que contribui não apenas para a objetificação, mas também para situações abusivas que podem comprometer a integridade física das mulheres.
Fonte: texto adaptado. Disponível em: http://www.siteladom.com.br/entrada-vip-mulheres-balada/.
TEXTO II
Balada 'Open Bar' e com entrada grátis para mulheres gera polêmica
"Mulher VIP até 0h", "Open Bar reservado para mulheres", além de entradas com valores mais baratos para as mulheres são políticas adotadas na maioria das boates capixabas. As práticas dividem tanto estabelecimentos como o público feminino, que aponta o machismo como justificativa para um interesse sexual por trás dos possíveis benefícios. O G1 ouviu casas noturnas de Vitória, Vila Velha, Serra e Guarapari. Assim como mulheres que frequentam os ambientes. As clientes falaram como percebem este tipo de prática. Os donos falaram sobre os motivos para a diferenciação sexual nos padrões de venda.
MULHERES
Para a advogada e cientista social Lívia Xavier, a cobrança diferenciada por gênero nas boates é uma prática que favorece o machismo e a objetificação das mulheres. “A cultura é tão forte que nós passamos a vida toda achando que é um benefício, até compreendemos que é uma questão predadora. Essas coisas são feitas para atrair as mulheres, para que fiquem mais bêbadas e mais vulneráveis. Quando um homem vai a uma festa, ele se preocupa em ser roubado e coisas assim, mas eu duvido que ele se preocupe constantemente com o assédio, com o estupro, nós sentimos essa vulnerabilidade o tempo todo", destaca.
Já a estudante de odontologia Elizandra Frisso pensa que a política do ingresso diferente é positiva quando revertida em consumação."Acho justo porque eles costumam beber mais, quando o preço é só pela entrada no estabelecimento, acredito que valores iguais para os dois seja o ideal", comentou.
CASAS NOTURNAS
Wood's Vitória
O proprietário Cláudio Souza afirma que os ingressos femininos são mais baratos que os masculinos na casa, mas disse que o modelo não vem de uma casa. "É um padrão cultural encontrado em todo o Brasil". "O público feminino hoje é um grande formador de opinião porque é muito mais detalhista. São clientes que reparam mais na qualidade e são mais difíceis de agradar. Homem nem lembra o que fez ontem, tá ocupado em reunião, estão trabalhando", comentou.
Why? Club
O subgerente Guilherme Ribeiro afirma que a casa segue um modelo adotado na cultura noturna capixaba. "Os valores mais baratos fazem a casa ficar cheia. Além disso, estamos vivendo um momento de crise, por isso decidimos trabalhar com esses valores promocionais", justifica.
Nova Club
O produtor da casa noturna, Fernando Henrique, conta que o espaço serve Open Bar só para mulheres em alguns dias da semana e também cobra ingressos mais baratos. "As atrações são um adicional a mais na noite, o que o consumidor masculino espera na realidade é encontrar um lugar florido pela presença feminina, ou com uma boa quantidade de mulheres, sejam bonitas ou não. Acaba sendo uma publicidade a mais para o espaço. Ele alega que o assédio no espaço físico se tornou menos frequente com as mídias online e não acredita que esse tipo de prática aumente a vulnerabilidade feminina
PONTO DE VISTA JURÍDICO
Segundo a advogada Camila Tiengo Zumerle, não há respaldo legal para a prática de cobrança diferenciada para homens e mulheres que frequentam os mesmos lugares e consomem os mesmos produtos. Isso porque a própria Constituição Federal assegura em seu artigo 5º, I, que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. "Já se tornou uma prática corriqueira efetuar cobrança diferente de acordo com o gênero para frequentar determinadas 'baladas' e festas. Essa distinção fere o princípio da igualdade que gere o nosso ordenamento jurídico e contribui ainda mais para acentuar a discrepância no tratamento conferido a homens e mulheres", defende Camila. Ela acrescenta que esse tipo de prática pode contribuir para reforçar a discriminação histórica sofrida pelo gênero feminino.
Fonte: Texto adaptado. Disponível em: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia.
Com base nos textos de apoio, escreva uma redação de gênero dissertativo sobre o tema: Festas com entrada VIP ou meia entrada para mulheres: benefício ou machismo?
Comentário:
Meia entrada e entrada VIP para mulheres é uma pratica comum na vida noturna de muitas cidades do nosso pais. Algo tão corriqueiro que raramente nos questionamos. Em meio a luta por direitos iguais o tema está sendo muito discutido por homens e mulheres. Mas afinal de contas, esse é só um benefício para as mulheres ou estamos lidando com um problema de gênero muito maior? Essas são algumas possibilidades para desenvolvimento deste tema.