Imagine que, ao ler a matéria “Cães vão tomar uma ‘gelada’ com cerveja pet”, você se sente
incomodado por não haver nela nenhuma alusão aos possíveis efeitos que esse tipo de produto pode ter sobre o
consumo de álcool, especialmente por adolescentes. Como leitor assíduo, você vem acompanhando o debate
sobre o álcool na adolescência e decide escrever uma carta para a seção Leitor do jornal, criticando a matéria
por não mencionar o problema do aumento do consumo de álcool.
Nessa carta, dirigida aos redatores do jornal, você deverá:
Atenção: ao assinar a carta, use apenas as iniciais do remetente.
Cães vão tomar uma “gelada” com cerveja pet
Produto feito especialmente para cachorros chega ao mercado nacional em agosto
Nada é melhor que uma cervejinha depois de um
dia de cão.
Agora eles, os cães, também vão poder fazer jus a
essa máxima. No mês de agosto chega ao mercado a Dog
Beer, cerveja criada especialmente para os amigos de
quatro patas. “Quem tem bicho de estimação gosta de dividir
o prazer até na hora de comer e beber”, aposta o empresário
M. M., 47, dono da marca.
Para comemorar a final da Libertadores, a
executiva A. P. C., 40, corintiana roxa, quis inserir Manolito,
seu labrador, na festa.
“Ele tomou tudo. A cerveja é docinha, com
fundinho de carne”, descreve.
Uniformizado, Manolito não só bebeu a gelada
durante o jogo contra o Boca Juniors como latiu sem parar
até o fim da partida.
Desenvolvida pelo centro de tecnologia e formação
de cervejeiros do Senai, no Rio de Janeiro, a bebida canina
é feita à base de malte e extrato de carne; não tem álcool,
lúpulo, nem gás carbônico.
O dono da empresa promete uma linha completa
de “petiscos líquidos”, que inclui suco, vinho e champanhe.
A lista de produtos humanos em versões animais
não para de crescer.
Já existem molhos, tempero para ração e até patê.
O sorvete Ice Pet é uma boa opção para o verão. A
sobremesa tem menos lactose, não tem gorduras nem
açúcar.
(Adaptado de Ricardo Bunduky, Folha de São Paulo, São Paulo,
22 jul.2012, Cotidiano, p.3)
Vergonha Nacional
As décadas de descumprimento da lei (...) contribuíram para que os adultos se habituassem a ver o consumo de
bebidas entre adolescentes como “mal menor”, comparado aos perigos do mundo. (...) Um estudo publicado
pela revista Drugs and Alcohol Dependence ouviu 15.000 jovens nas 27 capitais brasileiras. O cenário que
emerge do estudo é alarmante. Ao longo de um ano, um em cada três jovens brasileiros de 14 a 17 anos se
embebedou ao menos uma vez. Em 54% dos casos mais recentes, isso ocorreu na sua casa ou na de amigos ou
parentes. Os números confirmam também a leniência com que os adultos encaram a transgressão. Em 17% dos
episódios, os menores estavam acompanhados dos próprios pais ou de tios.
Resultados da pesquisa realizada com 15.000 jovens de 14 a 17 anos nas 27 capitais brasileiras
