PROPOSTA
Se coloque no lugar de alguém que trabalha em um hospital e, ao se deparar com a diminuição no número de doadores de órgãos, decidiu organizar uma campanha de conscientização destinada à população, com o objetivo de informar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos. Para tanto, você ficou responsável por escrever um folder informativo, a ser distribuído pela cidade. Utilize as informações do texto abaixo para construir o folder.
Instruções
O seu texto:
1. Não deve ter mais de 20 linhas;
2. Deve adequar-se a norma padrão da língua;
3. Deve informar e convencer a população a também se tornar doadora.
TEXTO I
47% das famílias se recusam a doar órgão de parente com morte cerebral.
Falta de conhecimento sobre irreversibilidade da morte encefálica é principal causa de recusa de doação de órgãos
Não é a falta de estrutura, mas a negativa familiar o principal motivo para que um órgão não seja doado no Brasil. De todas as mortes encefálicas e que, portanto, os órgãos poderiam ser transferidos para pacientes que correm risco de morte, pouco mais da metade se transforma em doação. O número é alto e cresceu de 41%, em 2012, para 47% em 2013, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
De acordo com o nefrologista José Medina Pestana, a principal justificativa das famílias para não doar órgãos é o fato de nunca terem conversado sobre o desejo de doar. “Por isso, insistimos que isso tem que ser assunto de família”, diz o integrante da ABTO.
Quando isso não é um assunto resolvido, cabe a uma equipe do hospital responsável pela captação de órgãos explicar à família que a morte encefálica já é a morte. Quando ela é decretada é porque ocorreu a parada definitiva e irreversível do cérebro e do tronco cerebral, o que provoca em poucos minutos a falência de todo o organismo.
No Hospital São Paulo, coube a uma integrante desta equipe conversar com a professora de língua portuguesa Gizele, 50 anos. Na festa de Ano Novo, seu marido, Varlei, sentiu uma forte dor de cabeça. Era mais uma vítima de um AVC hemorrágico.
Na segunda-feira do dia 6 de janeiro deste ano, menos de uma semana após o AVC, Varlei morreu. “A gente não sabia o que era morte cerebral. A gente nunca tinha falado sobre doação de órgãos. Se tem um mito em família é o mito da morte. Ninguém está preparado para isto. Eu não estava”, lembra Gizele.
“A enfermeira Tamires fez muito mais que uma captação de órgãos. Foi um apoio psicológico para todos nós. Explicou o que estava acontecendo, o que era morte cerebral, respondeu nossas perguntas. É uma situação irreversível, mas não sabíamos disso e ainda tínhamos esperança que ele se recuperasse de uma espécie de coma. Principalmente minha filha mais nova ainda tinha muitas esperanças de que o pai sobrevivesse", lembra Gizele.
Após a conversa - em que participaram Gizele, as duas filhas (de 14 e 20 anos), o sogro e a cunhada - o fígado, os rins e a pele de Varlei foram doados. A família não pode doar o coração, pois os remédios durante a internação de cinco dias comprometeu a doação do órgão.
“A doação é uma forma de transformar a dor em algo bom. As pessoas podem fazer algo bom de uma situação de extrema tristeza como esta que estou vivendo. Eu sei que é uma visão romântica, mas a doação ajuda a pensar que ele continua”, diz Gizele. “Estávamos casados há 25 anos, no ano passado fomos viajar, trocamos aliança. É uma dor imensa. A morte foi de uma hora para outra. A gente tem – e eu não vou falar tinha – uma família linda. Mas não tem ruptura quando se tem amor”, completa.
No início de março, Gizele voltou a dar aula. “Acho que é melhor não parar, né?”. Na primeira semana de aula os alunos fizeram um projeto sobre o acidente de Santa Maria, onde mais de 200 pessoas morreram. “Os meus alunos escreveram crônicas lindas sobre o que aconteceu e um dos temas abordados foi a necessidade de muitos receberem doação de pele. Não tinha banco suficiente no Brasil”, lembra.
Adaptado de: http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx?mn=&c=1063&s=. Acesso em: 11/03/2018.
Comentário: em um primeiro olhar, o gênero folder pode parecer bastante peculiar. No entanto, trata-se de um gênero de natureza argumentativa, que tem como objetivo comunicativo informar convencer o leitor a respeito da importância da doação de órgãos. Para a construção do texto, selecione dados presentes no texto para defender o propósito do folder - incentivar as pessoas a se tornarem doadoras de órgãos. Não se esqueça de ressaltar para o seu leitor o efeito positivo que essa atitude pode trazer. Para entender um pouco mais sobre a importância da doação de órgãos, sugerimos o vídeo do canal Mega Curioso, “12 fatos sobre o transplante de órgão” (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UCdh-2rCsic).