PROPOSTA
Imagine que na aula de Português do Ensino Médio você leu o artigo “A objetificação da mulher na publicidade”. Após discutir o texto em aula, você e seus colegas decidiram criar um coletivo para protestar contra a representação da figura feminina na publicidade. Para expressar as motivações da criação desse coletivo, você ficou responsável por redigir um manifesto. Nesse texto, que será divulgado nas redes sociais, apresente, com base na reportagem a seguir, argumentos que mostrem a origem e a gravidade do problema.
Lembre-se que o seu manifesto precisa dos seguintes elementos:
1. Um título que anuncie o que será manifestado;
2. Exposição e denúncia do problema através de argumentos;
3. Assinatura do coletivo.
TEXTO I
A OBJETIFICAÇÃO DA MULHER NA PUBLICIDADE
Por Roberta Pissutti
“Mostre para ela que o mundo é dos homens”, era o slogan de uma famosa marca americana de gravatas nos anos 50. Ele vinha acompanhado da imagem de uma mulher ajoelhada, servindo café para o marido na cama, expressando claramente a ideia da mulher submissa.
Parece coisa do passado, mas propaganda machista pode ser encontrada em qualquer esquina e em qualquer canal televisivo, ainda hoje. Uma ótima prova de que o machismo continua presente, e muito, nas campanhas publicitárias atuais são as propagandas de cerveja.
A mais famosa atualmente é a “Verão” da cerveja Itaipava. Em uma das propagandas a modelo encontra-se de biquíni e as quantidades 300 e 350 ml, que indicam a garrafa e a lata de cerveja em suas mãos, e 600 ml, que indica a quantidade de silicone nos seios da modelo, vêm acompanhadas do slogan “faça sua escolha”, tratando a modelo e seu corpo como simples objetos.
Esse tipo de publicidade não passa despercebido. Várias dessas propagandas são denunciadas por consumidores para o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), infelizmente, isso não quer dizer que algo seja feito a respeito. Muitas vezes as empresas se safam declarando que estão apenas se utilizando do humor e não pretendem agredir ninguém. Mas é preciso entender que tornar alguém algo não é brincadeira. Quem pode provar que esse “humor” só está nos pôsteres de papel ou na televisão? Ninguém, porque ele não está.
Esse machismo apresentado nas campanhas publicitárias não aparece só quando se quer ganhar dinheiro pelos clientes, já foram registradas declarações de diversas publicitárias, contando do assédio e do abuso que vivem em suas carreiras, sem contar a agressão verbal e psicológica que sofrem ao tentar se postar contra as propagandas machistas das empresas nas quais trabalham.
E se já está ruim, pode ficar pior. No começo do ano, durante o carnaval a Skol começou a campanha “Deixei o “não” em casa”, contrariando totalmente as campanhas anti-estupro “Não é não”. Após ser criticada e ter seus cartazes pichados com a frase “mas trouxe o nunca” complementando o slogan, a marca precisou mudar a campanha. Mas ainda assim, foi preciso muitas denúncias e críticas para que os publicitários cedessem e entendessem que esse tipo de campanha não é aceitável.
Essas campanhas já estão tão presentes, que as pessoas acham normal ver uma mulher de biquíni em toda propaganda de cerveja, que muitos ainda acham certo fazer uma propaganda de maquina de lavar roupa em homenagem ao Dia da Mulher. Mas não é normal. O movimento feminista defende a igualdade entre os sexos e isso se aplica também a todas as campanhas publicitárias atuais. A mulher não é um objeto, a mulher é um ser, que pensa, fala e age em defesa dos seus direitos e que vai dizer “não”: não para as propagandas machistas, não para as cantadas abusivas, não para os gestos obscenos e não para qualquer um que tentar impedi-la de dizer “não”.
Fonte: https://sosimprensa.wordpress.com/2015/10/19/a-objetificao-da-mulher-na-publicidade/. Acesso em: 10/03/2017.
Comentário: o texto de apoio faz um breve panorama das mais recentes polêmicas envolvendo a objetificação da mulher na publicidade. O estudante deve utilizar esses exemplos, mas também pode acrescentar outros casos que revelem essa realidade, com o intuito de denunciar o problema ao interlocutor - qualquer pessoa que tenha acesso às redes sociais. Uma sugestão para conhecer um pouco mais sobre o assunto é assistir ao fantástico vídeo de Jean Kilbourbe, “Os perigos do modo como a mídia enxerga a mulher” (disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Uy8yLaoWybk>). Além disso, o estudante pode aproveitar o espaço para estabelecer exigências para uma publicidade mais justa. É importante lembrar que, apesar de ser um gênero essencialmente argumentativo, o manifesto não deve ser construído como uma redação de vestibular tradicional. Normalmente, o manifesto emprega verbos no imperativos (lute; exija) e no presente do subjuntivo (vamos, precisamos, devemos), e tem como objetivo mostrar a indignação do autor para despertar a do leitor. Trata-se de um gênero informativo, argumentativo e mobilizador.