Texto 1
O trabalho faz parte da natureza humana e, por meio dele, os seres humanos constroem o mundo e edificam sua própria identidade. No entanto, as mudanças recentes que ocorreram no ambiente de trabalho devido a fatores como globalização, novas tecnologias e competição no mercado de trabalho acabam gerando um desgaste físico e mental em grande parte dos trabalhadores. A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional foi adicionada à Classificação Internacional de Doenças pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que lista as enfermidades e estatísticas de saúde a nível global. O termo burnout, de origem inglesa, deriva do verbo to burn out, que significa “queimar-se”, “consumir-se”. A Síndrome foi denominada pela primeira vez pelo psicanalista alemão Herbert J. Freudenberger para definir um estado de esgotamento físico e mental causado por diversas condições desgastantes no ambiente de trabalho. Segundo Pêgo (2016), o Burnout é um problema que atinge profissionais em serviço, principalmente aqueles voltados para atividades de cuidado a terceiros, em que a oferta do cuidado ou serviço frequentemente ocorre em situações de mudanças emocionais. Desta forma, o burnout atinge, em sua grande parte, profissionais que mantêm relação direta e constante com outras pessoas, como policiais, bombeiros, professores, médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros.
Adaptado de Paula Castro. O Reconhecimento da Síndrome de Burnout como doença pela Organização Mundial da Saúde. Disponível em <https://internacionaldaamazonia.com/2019/06/21/o-reconhecimento-da-sindrome-de-burnout-como-doenca-pela-organizacao-mundial-da-saude/>. Acesso em 9 ago 2022.
Texto 2
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu na construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
(...)
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
(...)
Chico Buarque. Construção. Disponível em <https://genius.com/Chico-buarque-construcao-lyrics>. Acesso em 9 ago 2022.
Texto 3
A gente já vinha tentando alertar as pessoas, publicando livros, artigos, tomadas de posição junto às instituições de saúde mental ao que diz respeito aos malefícios, ao efeito deletério mesmo de certas práticas no interior do neoliberalismo, práticas de gestão, que a gente chama de gestão do sofrimento, que estão ligadas à precarização do trabalho. Não precisa falar só sobre os motoboys, pode falar nos altos funcionários, sujeitos às condições erráticas de bônus ou de premiação, ou às condições erráticas de repactuação a cada mês, sobre como são as condições de trabalho, o que a gente está tolerando há tempo demais, que é essa espécie de chantagem. O trabalho é tão escasso, ele se torna um bem tão precioso que, para ficar no trabalho, você se submete a jornadas excessivas, envolvendo fins de semana, envolvendo a falta de férias, envolvendo o trabalho intermitente, envolvendo condições insalubres de exercício laboral. Isso tudo faz mal para as pessoas. Nós não estamos falando de uma coisa, vamos dizer assim, metafísica, mas uma coisa banal, só que com os dados, com as curvas, com os números dizendo: ‘Olha aqui o que está acontecendo se você submete as pessoas ao regime de trabalho nesses termos, se você retira proteções trabalhistas, se você insufla um conjunto de práticas de controle e de administração do sofrimento. Faz as pessoas sofrerem mais, que elas produzem’. Tudo bem, até certo limite. No caminho, elas vão desenvolver alcoolismo, burnout, depressão, vão desenvolver perturbações da sua relação até com o desejo de trabalhar e aí, no final, você tem uma condição, vamos dizer assim, de afastamento generalizado, de sofrimento generalizado com o trabalho. E como é que se trata isso? É psiquicamente, mas também mudando as condições do que a gente aceita como um regime de trabalho.
Adaptado de José Eduardo Bernardes. "Burnout se trata psiquicamente, mas só tem fim sem a precarização do trabalho", afirma Dunker. Disponível em <https://www.brasildefato.com.br/2022/01/18/burnout-se-trata-psiquicamente-mas-so-tem-fim-sem-a-precarizacao-do-trabalho-afirma-dunker>. Acesso em 9 ago 2022.
Texto 4
Quino. Mafalda. Disponível em <https://resumos.soescola.com/filosofia/atitude-filosofica/>. Acesso em 9 ago 2022.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema "Por que é preciso desperdiçar a vida que a gente ganha trabalhando para ganhar a vida?"
Instruções: