Durante o período em que integrou o Movimento Antropofágico (composto também por Oswald de Andrade, Raul Boop, dentre outros), Tarsila do Amaral atingiu, de acordo com alguns estudiosos, o seu momento artístico mais criativo. Observe a pintura Antropofagia e, identifique nela, as propostas defendidas pelos integrantes do movimento com relação à arte europeia.
Tarsila do Amaral, Antropofagia, 1929 (disponível em http://lounge.obviousmag.org/pauta_para_o_cha_das_4h/2015/08/nosferatu-no-brasil-o-manifesto-antropofago-de-ivan-cardoso.html).
Comentário: Por muito tempo, a arte brasileira buscou imitar a arte europeia acadêmica. O termo antropofagia (canibalismo) é utilizado como metáfora para se referir a um posicionamento de assimilação da arte europeia, de vanguarda, ao mesmo tempo em que ela é mesclada com questões da cultura e da paisagem brasileiras. A partir desta fusão, os integrantes do Movimento Antropofágico acreditavam na criação de uma arte brasileira original. Na pintura Antropofagia, percebemos essas características. Notamos a influência da arte europeia na deformação anatômica das figuras humanas (que lembram a pintura Abaporu, realizada no ano anterior e que foi o ponto de partida para o desenvolvimento do Movimento Antropofágico), e na simplificação das formas da paisagem. A atmosfera da cena, de sonho, nos remete ao Surrealismo. Misturado a isso, como elemento de nossa identidade nacional, notamos a vegetação inspirada nas formas e cores da paisagem brasileira.